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Quarta-Feira, 23 de Outubro de 2019 às 20:04

Vídeo entregue ao MP reabre processo de homicídio ocorrido em 98

Há 21 anos, Luci Costa atirou no marido, nos dois filhos e tentou suicídio. Ela nunca respondeu pelo crime porque foi considerada inimputável, estando acamada. Vídeo mostra mulher lavando calçada e passando instruções.

Duração: 06:27

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Por Joseane Teixeira

Um vídeo entregue recentemente para o Ministério Público de Rio Preto pode mudar os rumos de um processo de homicídio que se arrasta há 21 anos.  O registro denuncia que Luci Fernandes Costa, que em 1998 atirou no marido, nos dois filhos e tentou se matar, pode não estar incapacitada, como dizem os laudos do processo.

A filha sobrevivente,  Vivian Costa, que tinha nove anos quando foi baleada à queima roupa, acredita que a mãe esteja fraudando a perícia, que é realizada anualmente para constatar se a ré, denunciada em dezembro de 99, continua inimputável, ou seja, sem condições psíquicas de responder pelo crime que cometeu.

O vídeo, gravado por um detetive particular, mostra Luci lavando a calçada de casa, no bairro Boa Vista. O homem pergunta sobre a localização da rua Pedro Amaral e a mulher, fazendo gestos com o braço, explica: "uma, duas, três, na quarta".

O promotor do caso, José Márcio Rosseto Leite, afirmou que os laudos periódicos indicam que, embora Luci tenha apresentado significativa melhora física, continua incapaz de discernir sobre o crime que cometeu. Entretanto, com base no vídeo apresentado, Rossetto solicitou urgência na realização de uma nova perícia.

"Se ficar comprovado que ela recobrou a consciência, deverá ser submetida a Júri Popular pelo homicídio de um filho e pelas duas tentativas, contra a filha e o marido", falou.

O CRIME 

Era uma noite comum de domingo, em 25 de outubro de 1998, quando Luci, supostamente para se vingar de uma traição conjugal, atirou no marido, Milton Costa Filho, de 35 anos, e no casal de filhos, Vivian, de nove anos e Augusto Costa, com 11. Em seguida ela tentou suicídio. O crime aconteceu na residência da família, no bairro Vila Angélica, enquanto quase todos dormiam, menos Viviam, que assistiu o irmão mais velho ser morto.

Ela, o pai e a mãe agonizaram por 12 horas.

Vivian foi atingida na cabeça e no peito. Perdeu a audição de um dos ouvidos e sofre até hoje com inflamação no mamilo esquerdo. O pai dela, também baleado na cabeça, teve sequelas neurológicas. Atualmente, fala com dificuldade e, após anos de fisioterapia, consegue andar em terreno plano, mas não sobe escadas, nem degraus.  Já a mãe, que atirou na própria cabeça após atentar contra a família, também sofreu sequelas neurológicas, cujo grau de intensidade é questionado pela filha.

Luci Fernandes Costa é representada pelo advogado Odinei Rogério Bianchin. Perguntado sobre o estado de saúde da cliente, afirmou que foi contratado pela família dela, e que nunca viu a mulher pessoalmente.

O defensor afirmou que não tem conhecimento do vídeo entregue ao MP e postado nas redes sociais de Vivian.

Após a repercussão do caso no Facebook, a sobrevivente foi procurada por uma mulher que afirmou ter trabalhado para Luci. "Ela topou testemunhar sobre as plenas condições psicológicas da ex-patroa", garantiu Vivian.

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