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Sexta-Feira, 06 de Janeiro de 2017 às 22:54

Setenta reeducandos não retornam da saída temporária

O contrato com a empresa que monitora as tornozeleiras eletrônicas venceu em março e não foi renovado.

Duração: 02:56

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Dos 1556 reeducandos beneficiados com a saída temporária de final de ano, 70 não retornaram ao Centro de Progressão Penitenciária de Rio Preto, o CPP.

A informação divulgada pela Secretaria de Administração Penitenciária confirma o que a população temia - o retorno à sociedade de bandidos que não terminaram de cumprir a pena pelos crimes que cometeram.

Para ter o direito ao indulto o reeducando primário deve ter cumprido pelo menos um sexto da pena e em caso de reincidência, um quarto. Apresentar bom comportamento dentro da cadeia também é exigência para o benefício.

O delegado da Polícia Civil e professor de Direito, Renato Pupo, lembra que o reeducando que não retorna na data estabelecida é considerado foragido.


"O preso deve obedecer a uma série de determinações. Não sair após as 22h, não ingerir bebida alcoólica, não se envolver em delitos ou confusões e principalmente retornar à unidade prisional dentro do prazo determinado. A desobediência dessas normas é considerada falta grave, punível com o retorno ao regime fechado"


Pupo critica o indulto nos atuais moldes.


"Essa saída temporária era uma forma de reinserir o preso na sociedade, mas na prática não deu certo. A criminalidade comprovadamente aumenta nessas ocasiões e a população fica amedrontada. A tornozeleira eletrônica seria uma forma de coibir o envolvimento de reeducandos com o crime, mas o número de equipamentos utilizados é muito inferior à quantidade de presos beneficiados com a saidinha"


O governo do estado não renovou o contrato com a empresa que fornecia as tornozeleiras e desde março deste ano os reeducandos deixaram de ser monitorados.

Um dia após sair do CPP para aproveitar o final de ano com a família o reeducando Fabrício Trindade de Camargo, de 31 anos, foi preso por furtar duas casas. Uma delas é a da vendedora Patrícia Lourenzo, que é contra a saída temporária.


"Super contra. O bandido disse que furtou as casas por conta da bebida, mas eu acho que se ele teve o direito de aproveitar a liberdade, não poderia nem ter bebido. No dia em que estive na delegacia teve três assaltos praticados por presos em saidinha", contou por telefone.


Sem tornozeleiras eletrônicas, a única forma de a polícia capturar os 70 fugitivos é em abordagem de rotina ou após o envolvimento deles em crimes.

De Rio Preto, Joseane Teixeira.

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