Clique no play e ouça o relato do jornalista José Antônio Arantes
Por Joseane Teixeira
Na madrugada desta quarta-feira, a sede do jornal Folha da Região, localizada no centro de Olímpia, foi alvo de um atentado criminoso.
Por volta das 4h30 da manhã, criminosos, utilizando um balde, jogaram combustível por baixo da porta da empresa de comunicação e atearam fogo. No piso superior do sobrado antigo moram o dono do jornal, José Antônio Arantes, a esposa e a neta de nove anos.
“Acordei em meio à fumaça, mal conseguia enxergar. Descemos as escadas respirando com muita dificuldade e conseguimos apagar o fogo, que já havia queimado jornais e a máquina de cartão. Quem fez isso pode não ter tido a intenção, mas poderia ter nos matado. Se as chamas alcançassem o forro de madeira, a casa estaria destruída agora”, contou.
Arantes é jornalista há 40 anos e desde 1980 publica a Folha da Região, que atualmente tem periodicidade semanal. Ele também é dono do site IFolha e da rádio comunitária Cidade FM, onde apresenta um programa diário de uma hora, com ampla participação dos ouvintes.
Por se posicionar a favor das medidas de restrição no combate ao coronavírus, na última semana o programa recebeu dezenas de críticas e as ameaças se tornaram reais.
“Na sexta-feira o carro que busca os jornais em uma gráfica de Rio Preto foi perseguido durante todo o trajeto na rodovia. O veículo transitava atrás com as luzes apagadas e tentou jogar nosso carro para o acostamento. Até pensei que fosse um louco qualquer do trânsito. Mas no domingo, fui caminhar com a minha mãe e quando retornei para o carro, um pneu estava furado e os parafusos das rodas, soltos. Aí acendi o alerta”, disse.
Arantes atribuiu os ataques a grupos de ultradireita, que são contrários ao lockdown e pregam o tratamento precoce contra o coronavírus.
“A gente ta vivendo uma fase muito perigosa, porque eles se organizam com muita facilidade por grupos de Whatsapp e conseguem reunir um bando de fanáticos. Eu não vou me intimidar, mas temo pela minha família”, falou.
Na rua David de Oliveira, onde a sede do jornal está instalada, há câmeras de monitoramento.
A Prefeitura de Olímpia também monitora a cidade através de um circuito próprio.
As imagens já foram requisitadas pelo delegado Marcelo Pupo a fim de investigar o crime, identificar os autores e esclarecer a motivação do atentado.
Em Nota Oficial, a Prefeitura de Olímpia repudiou o crime e manifestou solidariedade ao veículo de imprensa: