A pedido da defesa de Rita de Cássia da Silva Assunção, peritos do Instituto de Criminalística realizaram em 27 de agosto a reprodução simulada do dia em que o sargento aposentado Cícero de Carvalho, marido da ré, foi assassinado.
O relatório entregue à Justiça nesta semana apontou, pelo menos, cinco contradições entre as versões apresentadas pela mulher e sua filha*, à época adolescente, e que figura como testemunha no processo.
A principal delas diz respeito à posição com que teria estacionado a caminhonete da família no retorno do hospital e da farmácia naquela madrugada de 30 de outubro de 2018. Na visão dos peritos técnicos com base no depoimento da jovem, a forma com que Rita teria parado a caminhonete nas duas oportunidades impossibilitaria que ela visualizasse dois homens em atitude suspeita no local mencionado por ela em depoimento e ratificado na reconstituição. A mulher disse que ao notar a presença dos desconhecidos, decidiu, sozinha, dar uma volta de caminhonete no quarteirão para sondar a dupla.
Outra divergência diz respeito à dinâmica da rotina relatada naquele dia. Rita alega que sofre de forte enxaqueca e naquele dia precisou ir para o hospital duas vezes. Ela diz que no primeiro atendimento estava acompanhada do marido e da filha, enquanto a adolescente afirma que somente ela esteve com a mãe.
Da mesma forma, na segunda vez que teve de retornar ao hospital por não apresentar melhora, disse que foi Cícero quem acordou a filha para que ela acompanhasse a mãe, enquanto a jovem alega que foi Rita quem a despertou na madrugada.
A versão da testemunha tira o pai de cena desde a primeira saída de casa, ainda na noite de segunda-feira, na ocasião da ida ao hospital.
Rita diz ter ido à farmácia uma única vez, enquanto a filha afirma ter ido duas, porque a mãe não queria gastar o dinheiro que seria utilizado para pagamento de uma fatura e voltou em casa para buscar o cartão de crédito.
A quinta contradição, que faz referência apenas à versão da ré, está relacionada à cena do crime. Rita disse que quando foi ao quarto do marido, ele estava ensangüentado em posição transversal na cama. Descrição que não condiz com as manchas de sangue no colchão, que se concentram apenas no canto direito.
Foram justamente as contradições apresentadas pela mulher ainda na fase de investigação que fizeram o delegado Wander Solgon, da DIG, colocar Rita na condição de suspeita.
Edinael Mário Leme, apontado como executor da morte do sargento, não participou da reconstituição porque alega ser inocente. Em depoimento, ele disse que Rita chegou a oferecer recompensa pelo assassinato do marido, mas que ele recusou a proposta.
Ambos estão presos preventivamente.
A primeira audiência do caso está marcada para a próxima terça-feira, dia 29, no Fórum Central de Rio Preto.
*a reportagem optou por preservar o nome da filha do casal
Lembre o caso:
http://cbnrp.com.br/noticias/policia-civil-realiza-reconstituicao-do-assassinato-de-sargento