Agora além de idosos, gestantes, deficientes físicos e pessoas com crianças de colo, obesos mórbidos também poderão ter direito a atendimento prioritário em bancos, estabelecimentos comerciais e órgãos públicos.
O projeto de lei 784/2014 do deputado estadual Gilmaci Santos, do Partido Republicano Brasileiro, já foi aprovado em dezembro na Assembleia Legislativa do Estado e aguarda apenas a sanção do governador para entrar em vigor.
O projeto prevê distribuição de senhas especiais a obesos de nível III e assentos compatíveis com indivíduos cujo índice de massa corporal (IMC) seja maior que 40. O objetivo é evitar que esse público permaneça muito tempo em pé.
A iniciativa foi bem recebida pelo desempregado Marcos Joel Pinheiro, de 47 anos. Ele tem 166 quilos e toda vez que precisa enfrentar fila é um transtorno.
"Seria muito bom a aprovação da lei. Eu sinto muita dor nas pernas e as vezes as pessoas não entendem. O pior de tudo é o preconceito, só quem passa é que sabe"
Acessibilidade não é o único problema que Marcos enfrenta. Ele é uma das milhares de pessoas que aguardam na fila da cirurgia bariátrica oferecida pelo Hospital de Base.
Pacientes cujo IMC seja superior a 40 são considerados obesos mórbidos e recebem indicação para realização da cirurgia de redução de estômago. O IMC de Marcos é 56. O procedimento que custa em média R$ 25 mil é bancado pelo SUS, mas a fila de espera supera dois anos.
Em Curitiba, onde morava, o desempregado já tinha passado pelos acompanhamentos nutricionais e psicológicos que antecedem a cirurgia, mas cansou de esperar.
"Eu fui aprovado nos testes e entrei na fila de espera, isso há cinco anos. Até hoje nada. Meu peso está muito acima do ideal"
O desemprego é consequência. O Instituto Nacional de Seguro Social - INSS - possui regras rígidas no que diz respeito a obesos e dificulta a aprovação de aposentadoria por invalidez ou mesmo o recebimento de benefício temporário pelo auxílio-doença. Do outro lado estão as empresas, que dificilmente contratam obesos já prevendo afastamentos médicos decorrentes do excesso de peso, como doenças cardíacas, diabetes e hipertensão.
Segundo estudo publicado na revista científica Lancet, um quinto dos adultos do mundo será obeso em 2025.