O Ministério Público denunciou o desempregado Igor Campos Vieira, de 27 anos, pelo assassinato do então amigo Guilherme Lord Wilson da Silva Costa, de 24 anos, ocorrido no dia 13 de setembro na casa do acusado, no bairro Jardim das Oliveiras.
Embora Igor tenha alegado em depoimento que o crime foi motivado por questões financeiras, para o promotor José Márcio Rossetto Leite, há indícios de que a morte do jovem teve motivação passional. Isso porque a vítima era bissexual e familiares de Guilherme revelaram desconfianças quanto ao relacionamento dele com Igor. Os dois eram amigos há sete anos e estavam morando juntos há duas semanas.
No dia em que Guilherme foi espancado, vizinhas relataram ter ouvido gritos de socorro da vítima, que pedia para Igor parar de agredi-lo. Quando o SAMU chegou no endereço, ele já estava morto. Laudo necroscópico apontou que a vítima tinha fraturas nos dedos, costelas, dentes quebrados, além de aproximadamente 30 hematomas por todo o corpo. Ainda foram constatadas hemorragias internas no pulmão e fígado. Trecho da denúncia informa que “o próprio laudo pericial necroscópico atestou a presença de meio cruel na execução do crime”.
Igor fugiu após o homicídio e se apresentou no 4º Distrito Policial duas semanas depois, alegando legítima defesa. Em declaração, ele afirmou ter convidado o amigo para ser sócio em um delivery de comida. Segundo explicou, ele entraria com o dinheiro e Guilherme com o trabalho. No dia dos fatos, a vítima teria dado início a uma discussão, exigindo ser o proprietário da empresa. Igor diz que “Guilherme ficou irreconhecível e pegou uma pequena faca de serra de pão para ameaçá-lo”, momento em que se armou com um cacetete e apenas se defendeu. O objeto foi localizado na casa do denunciado após o depoimento e foi apreendido como prova do crime.
A versão de legítima defesa não convenceu o delegado Paulo Greco, responsável pelas investigações, porque provas testemunhais e periciais indicam que as agressões se estenderam por longo tempo, além de Igor não apresentar nenhuma lesão resultante da suposta luta. Ele está preso preventivamente no Centro de Detenção Provisória de Rio Preto desde o dia 12 de outubro.
Apesar do alegado pelo denunciado, o promotor ressalta na denúncia que “...fortes suspeitas surgiram no sentido de que a vítima Guilherme também mantinha relacionamento amoroso homossexual com o denunciado Igor, eis que Guilherme era bissexual e em determinadas ocasiões se vestia como mulher. Tais suspeitas se evidenciam, também, na forma de execução do crime, que revelou aspectos de crime passional, ou seja, por desentendimento sentimental ou amoroso entre vítima e denunciado, o que também se consiste em motivo fútil, desproporcional à consequência adotada por parte do denunciado”.
Em depoimento no 4º Distrito Policial, o rapaz foi perguntado sobre a suspeita e negou qualquer envolvimento amoroso com a vítima.
Rossetto finaliza o documento denunciando Igor Campos Vieira por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
O desempregado também responde a um segundo processo por ameaça à namorada, que tem 16 anos e é irmã de Guilherme. Isso porque no dia do crime, ele enviou mensagem de áudio à adolescente dizendo que ela era a culpada pelo desentendimento dele com Lord e prometendo se vingar caso fosse responsabilizado criminalmente.
O advogado Aureliano Divino Oliveira, que representa o denunciado, ingressou com Habeas Corpus requerendo prisão domiciliar ao cliente. As justificativas são de que Igor não registra antecedentes criminais, se apresentou espontaneamente na delegacia e estava colaborando com as investigações, além de não apresentar risco de fuga ou destruição de provas. O defensor propõe ainda prisão domiciliar em razão da pandemia do novo coronavírus. O pedido está sendo analisado pela Justiça.