Mesmo sem ter acabado, 2020 já contabiliza mais registros de queimadas em
áreas vegetativas de Rio Preto do que os 12 meses de 2019. Neste ano, até o
último dia 8, o Corpo de Bombeiros atendeu 821 ocorrências, contra 777 do ano
passado, um aumento de 6%.
A cidade, que há cerca de 80 dias
não registra chuva, vive um dos períodos de estiagem mais severos. Adriana
Seixas mora há pouco mais de um ano no bairro Parque São Miguel, na zona leste. Ela conta que diariamente tem focos de incêndio no local e nos
arredores e a fumaça constante tem comprometido significativamente a qualidade
de vida de quem mora por ali: "Estou bem assustada, é uma proporção de incêndio que ficava em volta do meu bairro, mas agora está no por aqui também. É um ar muito seco, está muito difícil para respirar até dentro de casa".
Nesta semana, a Floresta Estadual
do Noroeste Paulista, registrou a maior queimada dos últimos anos em Rio Preto e
mobilizou equipes do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Polícia Militar e
Ambiental. O fogo foi controlado somente 10 horas depois, mas no dia seguinte,
as equipes precisaram retornar ao local porque havia novos focos de incêndio. Segundo o diretor da Defesa Civil, coronel Carlos Lamin, disse que uma área de cerca de
250 hectares foi devastada.
O tenente do Corpo de Bombeiros
de Rio Preto, Rafael Fantini, diz que este ano tem se destacado negativamente
pelo aumento de queimadas e que a corporação recebe chamados durante todo o dia
para combater os focos de incêndio: "Todos os anos ocorre da mesma forma uma quantidade muito elevada de fogo em vegetação natural, mas esse ano realmente tem se superado. A gente infelizmente não consegue ter o controle do número de ocorrência e os chamados acontecem praticamente o dia inteiro".
Além disso, os bombeiros chamam a atenção para a os prejuízos à fauna e à flora. Muitos animais silvestres acabam morrendo com as queimadas, além de toda a degradação do solo. "Você tem uma grande mortalidade de animais silvestres que habitam às nossas matas e você tem também um solo que acaba sendo prejudicado e devastado e que poderia estar sendo utilizado para cultivo", Fantini.
Além das queimadas e da estiagem
severa, a previsão de chuva para Rio Preto marca para o fim de setembro. Com
destaque para a baixa umidade relativa do ar que vem sendo registrada
diariamente na cidade, chegando a 10%, nível equivalente ao que se encontra no
deserto. Os dois fatores implicam para a incidência de doenças respiratórias.
Atear fogo em áreas vegetativas é
crime ambiental previsto em lei. Em se tratando de crime doloso, quando há
culpa, a pena prevista é de 2 a 4 anos de reclusão. Na hipótese de crime
culposo, quando não há intenção, ocorre detenção de 6 meses a 1 ano e multa.