Clique no play e ouça a entrevista com o advogado Mário Guioto Filho
Por Joseane Teixeira
A Justiça absolveu o desempregado Willian dos Santos
Domingos da acusação de tentativa de homicídio contra a própria filha por
entender que ele é completamente inimputável, ou seja, incapaz de entender a
gravidade dos atos cometidos. No entanto, a juíza Maria Letícia Pozzi Buassi
determinou, como medida de segurança, que o réu seja internado em hospital de
custódia pelo prazo mínimo de 1 ano, até que seja submetido a nova perícia.
Em setembro de 2019, Willian estava cuidando da filha, à época com apenas um mês de vida, quando o bebê começou a chorar. Irritado, o réu mordeu violentamente a criança por diversas vezes, a ponto de a vítima ser internada em estado grave na UTI do Hospital da Criança, onde permaneceu em tratamento por quase dois meses.
Foto anexada ao processo
Preso em flagrante, ele foi denunciado por tentativa de homicídio
triplamente qualificada: por motivo fútil, meio cruel e recurso que
impossibilitou a defesa da vítima.
Com base no relato da mãe do rapaz sobre histórico de
acompanhamento psicológico e uso de medicamentos por Willian, o advogado Mário Guioto Filho
requereu que o cliente fosse submetido a exame de insanidade mental.
O laudo, que atesta sociopatia, foi divulgado em primeira mão pela rádio CBN em outubro do ano passado.
Nesta terça-feira, 8, durante audiência de instrução, debate e
julgamento no Fórum de Rio Preto, o exame foi apresentado pelo advogado Mário
Guioto Filho, que pediu a absolvição do cliente por inimputabilidade. Tese que
também foi defendida pelo promotor Marco Antônio Lélis Moreira, representante do
Ministério Público.
A juíza concordou que a pronúncia não poderia ser efetivada
porque o réu, segundo análise de um perito médico, é integralmente incapaz de
entender o caráter ilícito do crime que cometeu.
Porém, como medida de segurança, ele deverá ser transferido imediatamente, da penitenciária de
Florínea, para o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Franco da
Rocha.
Pedido que já havia sido feito pelo advogado desde a
divulgação do laudo.
“Neste tempo em que permaneceu preso preventivamente, o
Willian foi espancado por outros presos. Ao invés de ser levado para um local
adequado, a Justiça determinou que um rapaz comprovadamente doente aguardasse julgamento em isolamento. Não
bastasse isso, recebia rivotril prescrito por um clínico geral somente para que
se acalmasse, quando a indicação do psiquiatra que assinou o exame era de que o
rapaz fosse submetido a tratamento que incluía medicação adequada ao seu caso,
mais terapia”, lamentou
A bebê atacada à mordidas tem atualmente 1 ano e 10 meses de
vida. Ela não adquiriu nenhuma sequela da violência sofrida e hoje é cuidada
pela avó materna, que tem a guarda legal da criança.
“Avó carinhosa, pessoa idônea, honesta e muito trabalhadora”,
garantiu o advogado.