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O idoso de 63 anos, que morreu após um incêndio ocorrido no
dia 21 de agosto no Lar São Vicente de Paulo, em Rio Preto, estava amarrado à
poltrona.
A “restrição" ou "contenção” é um procedimento usual nos
asilos e casas de repouso. É utilizado quando o idoso com problemas psiquiátricos ou de locomoção
caiu ou tem risco de queda e precisa evitar movimentação.
A reportagem apurou que João Batista Pereira de Carvalho
estava preso à uma poltrona individual com um lençol, informação confirmada pela advogada da
instituição, Tatiana Cristina Maciel.
Na noite do incêndio, João Batista estava assistindo tv no
núcleo de convivência, um espaço de socialização onde há várias cadeiras e
poltronas. Outros internos que acompanhavam a vítima tinham ido
dormir.
Apenas duas
auxiliares de enfermagem trabalhavam na assistência a 47 idosos.
Walkírio Almeida, enfermeiro coordenador
do Departamento de Gestão do Exercício Profissional do Conselho Federal de
Enfermagem explica que a contenção é uma prática regulamentada em instituições
de longa permanência, mas exige alguns cuidados.
"O idoso restrito tem que estar no campo de visão da equipe de enfermagem, porque ela tem que estar atenta à qualquer intercorreência, ou mesmo para suprir as necessidades de uma pessoa que está impedida de andar", disse.
A advogada diz que o número de funcionários está de
acordo com o estabelecido pelo Conselho Regional de Enfermagem.
Uma câmera filmou o incêndio. O equipamento que armazena as
imagens foi entregue pela direção do asilo à Polícia Civil e encaminhado para
perícia.
Luiz Carvalho, irmão de João Batista, diz que o idoso era
fumante.
A família não foi autorizada a entrar no asilo no dia do acidente.
Procurado, o delegado Renato Pupo disse que vai aguardar as imagens para comentar o inquérito instaurado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
João Batista foi sepultado em Potirendaba. Ele deixou quatro filhos.