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Quinta-Feira, 22 de Agosto de 2019 às 18:18

Homem é condenado a 25 anos de prisão por matar ex-mulher a facadas

Vítima foi morta porque estava decidida a não reatar relacionamento violento que durou 23 anos. Em fevereiro, Jader Garcia foi condenado por atirar em um homem depois que o filho da vítima, de apenas quatro anos, apertou a campainha da casa dele.

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Foi condenado a 25 anos de prisão o vigilante Jader Garcia Lopes pelo feminicídio praticado contra a ex-mulher, Luciana Ramos Santos. O crime aconteceu em maio de 2016.

Os jurados acataram as quatro qualificadoras da denúncia: motivo torpe (porque a vítima estava decidida a não reatar o relacionamento), meio cruel (porque foi morta com 12 facadas),  recurso que impediu a defesa da vítima (porque foi golpeada várias vezes nas costas) e feminicídio - crime praticado contra mulher em razão do sexo feminino e decorrente de violência doméstica.

O advogado Wesler Pereira, que em entrevista à rádio CBN já tinha descartado a hipótese de absolvição, pediu que os jurados afastassem a qualificadora do motivo torpe.

“O feminicídio é uma causa de natureza jurídica subjetiva e o motivo torpe é um motivo de alta reprovabilidade social. Nós sustentamos que o feminicídio é uma espécie de motivo torpe, então a coexistência entre as duas qualificadoras é uma dupla incidência penal sobre o mesmo fato, o que é vedado pelo nosso ordenamento jurídico”.

O defensor disse que vai recorrer da decisão para tentar reduzir o tempo de pena.

Já o promotor Marco Antônio Lélis Moreira avalia como cruel as circunstâncias que ensejaram a morte da vítima, que deixou três filhas, e disse que vai analisar a possibilidade de pedir o aumento de pena.

Este é o segundo Júri Popular ao qual Jader é submetido neste ano. Em fevereiro, ele foi condenado a três anos e seis meses de prisão em regime semiaberto por uma tentativa de homicídio ocorrida em agosto de 2011. Ele atirou em um vizinho porque o filho dele, de apenas 4 anos, tinha apertado a campainha de sua casa. Além disso, o vigilante também possui uma condenação por porte ilegal de arma de fogo em 2012.

Durante o julgamento ocorrido nesta quinta-feira, o réu alegou que amava a mulher e que a relação foi prejudicada pelas filhas, que não o queriam de volta em casa.

As três jovens acompanharam, emocionadas, o julgamento e revelaram sentir medo do pai. “Mesmo preso, nos sentimos perseguidas por ele. Ele manda cartas com informações sobre a nossa vida, nossos filhos. Nós nunca respondemos, não queremos nenhum tipo de aproximação com ele”, disseram.

O Código Penal permite a progressão de regime prisional ao condenado por crime hediondo após três quintos de cumprimento da pena, se ele for reincidente. No caso em questão, Jader deverá permanecer 15 anos preso em regime fechado, se não houver alteração na sentença, para só então passar para o regime semiaberto.

O crime

No dia 11 de maio de 2016, o vigilante estava com a ex-mulher dentro do carro quando houve uma discussão. Com medo de ser morta, a vítima saiu correndo do veículo no momento em que Jader parou em um posto para abastecer. Um frentista qualificado como testemunha disse que a mulher gritou por socorro. Armado com uma faca, Jader a perseguiu no pátio e a esfaqueou várias vezes, em seguida tentou suicídio, mas as lesões foram superficiais.

O casal viveu junto por 23 anos. Segundo as filhas, a relação sempre foi conturbada, com históricos de violência física contra a mãe e até abuso sexual. Com medo, Luciana nunca denunciou o marido para a polícia.

 

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