Joseane Teixeira
Gestantes de Rio Preto que dependem do Sistema Único de Saúde estão esperando até cinco meses para o agendamento de uma ultrassonografia.
O exame é fundamental para diagnosticar precocemente má formação do feto e tratar o problema ainda na barriga da mãe. No entanto, quanto mais o procedimento demora a ser realizado, mais difícil fica o tratamento e o risco de um aborto espontâneo aumenta.
Grávida de cinco meses, Letícia Mônica da Silva sente na pele o preço do descaso. Ela realiza o acompanhamento pré-natal na UBS do bairro Vila Maior e conta que esperou quatro meses pelo agendamento da ultra-sonografia.
"Fiz a solicitação no dia 26 de janeiro e marcaram para o dia 30 de maio. Já estou na 22ª semana de gestação", disse.
Devido a demora do procedimento, ela teve que pagar o primeiro ultrassom, mesmo estando desempregada.
"Nesse exame, que fiz logo no começo da gestação, a médica diagnosticou descolamento da placenta. Se eu não soubesse a tempo, teria perdido o meu filho. Além do exame, que custou R$ 90, tive que comprar também os remédios para tratar o problema, que também não são fornecidos pelo SUS".
Ela não é a única. A desempregada Gabriela Bataier também enfrentou o problema.
"Eu já tinha passado dos quatro meses de gestação quando fiz meu primeiro ultrassom pelo SUS"
Segundo o ginecologista e obstetra do Hospital de Base Gustavo Henrique de Oliveira, o ideal é que sejam realizados de quatro a cinco exames de ultrassonografia durante a gestação, o primeiro deles, assim que é detectada a gravidez.
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Na terça-feira, 23, a CBN perguntou à Secretaria de Saúde quantas gestantes estão sendo atendidas na rede pública e quantas aguardam exame de ultrassonografia. A pasta pediu mais prazo para apurar as respostas. No entanto informou que o Ministério da saúde não prescreve nenhum ultrassom, mas o protocolo de Rio Preto preconiza apenas um ultrassom, em torno de 20 a 24 semanas de gestação.
A Secretaria de Saúde informou ainda que está para ser implantado um protocolo com dois ultrassons, sendo um logo no inicio da gestação (11 semanas) e outro entre a 20ª e a 24ª semana, ou seja, metade do recomendado pelo especialista ouvido pela reportagem.
A ultrassonografia é segura porque não utiliza radiação.