A delegada Margarete Franco, da Delegacia de Defesa da
Mulher, indiciou a filha de um idoso de 86 anos por homicídio doloso.
O prontuário médico de internação, o laudo necroscópico e
depoimentos de testemunhas indicam que o aposentado Elio Pontão morreu em
virtude das agressões sofridas pela filha Rosinei Pena Pontão das Neves, de 57
anos, com quem morava junto há um ano e meio.
No dia 8 de agosto, uma moradora do bairro Laureano Tebar,
em Rio Preto, telefonou para a Polícia Militar após ver a mulher empurrando o
idoso, que se desequilibrou e caiu na calçada, sofrendo um grave ferimento no
rosto.
“Eu ouvi gritos de socorro e sai na calçada para ver o que
estava acontecendo. Havia um velhinho caído no chão, com o rosto todo
ensanguentado, e uma mulher batendo nele. Ela só parou quando eu gritei, mas
disse que o pai era um fardo na vida dela”, contou.
O idoso ficou internado quatro dias na Santa Casa e morreu
no dia 12 de agosto.
A princípio, o inquérito foi instaurado como lesão corporal
seguida de morte, mas a delegada mudou de ideia ao analisar as provas:
“Eu entendo que a filha assumiu o risco de matar, uma vez
que tratava o pai idoso de forma ríspida. Foi em razão da queda que Elio sofreu
os ferimentos que ocasionaram a sua morte. É o que chamamos de dolo eventual”,
disse.
Margarete conseguiu imagens captadas por câmeras de um prédio que corroboram com a linha de investigação.
O inquérito só não foi concluído ainda porque o advogado da investigada,
Roberto Baffi Cezário, solicitou que outras testemunhas sejam ouvidas na fase
de inquérito.
“Mas a minha convicção já está formada”, enfatizou a delegada.
A reportagem conversou por telefone com a filha, que negou
as agressões.
“Eu juro por tudo o que é mais sagrado que nunca ergui a mão
para o meu pai. Sempre cuidei muito bem dele, dava banho, passava perfume,
levava ele para passear. Minha vida acabou, estou sendo vítima de uma grande
injustiça”, afirmou.
Sobre o episódio que ensejou a internação do idoso, Rosinei
disse que ele tropeçou sozinho.
“Meu pai usava bengala para andar. Naquele dia, ele saía da
calçada para andar na rua quando se desequilibrou. Ele caiu de rosto no chão e
recebeu quatro pontos no supercílio. Eu acompanhei meu pai durante toda
internação. Eu estava do lado quando ele começou a morrer”, chorou.
Apesar do indiciamento, Margarete não pediu a prisão da
filha por entender que ela não representa risco para a sociedade, nem para o
bom andamento do processo.
O atestado de óbito aponta como causas da morte: embolia
pulmonar, traumatismo craniano e queda da própria altura.