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Quinta-Feira, 07 de Novembro de 2019 às 13:20

Delegada indicia filha de idoso por homicídio doloso

O aposentado Élio Pontão, de 86 anos, morreu em agosto após sofrer uma queda na rua. Testemunha afirmou em depoimento na DDM que o idoso foi agredido e empurrado pela filha dele. "Assumiu o risco de matar", concluiu a delegada.

Duração: 03:29

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A delegada Margarete Franco, da Delegacia de Defesa da Mulher, indiciou a filha de um idoso de 86 anos por homicídio doloso.

O prontuário médico de internação, o laudo necroscópico e depoimentos de testemunhas indicam que o aposentado Elio Pontão morreu em virtude das agressões sofridas pela filha Rosinei Pena Pontão das Neves, de 57 anos, com quem morava junto há um ano e meio.

No dia 8 de agosto, uma moradora do bairro Laureano Tebar, em Rio Preto, telefonou para a Polícia Militar após ver a mulher empurrando o idoso, que se desequilibrou e caiu na calçada, sofrendo um grave ferimento no rosto.

“Eu ouvi gritos de socorro e sai na calçada para ver o que estava acontecendo. Havia um velhinho caído no chão, com o rosto todo ensanguentado, e uma mulher batendo nele. Ela só parou quando eu gritei, mas disse que o pai era um fardo na vida dela”, contou.

O idoso ficou internado quatro dias na Santa Casa e morreu no dia 12 de agosto.

A princípio, o inquérito foi instaurado como lesão corporal seguida de morte, mas a delegada mudou de ideia ao analisar as provas:

“Eu entendo que a filha assumiu o risco de matar, uma vez que tratava o pai idoso de forma ríspida. Foi em razão da queda que Elio sofreu os ferimentos que ocasionaram a sua morte. É o que chamamos de dolo eventual”, disse.

Margarete conseguiu imagens captadas por câmeras de um prédio que corroboram com a linha de investigação. 

O inquérito só não foi concluído ainda porque o advogado da investigada, Roberto Baffi Cezário, solicitou que outras testemunhas sejam ouvidas na fase de inquérito.

“Mas a minha convicção já está formada”, enfatizou a delegada.

A reportagem conversou por telefone com a filha, que negou as agressões.

“Eu juro por tudo o que é mais sagrado que nunca ergui a mão para o meu pai. Sempre cuidei muito bem dele, dava banho, passava perfume, levava ele para passear. Minha vida acabou, estou sendo vítima de uma grande injustiça”, afirmou.

Sobre o episódio que ensejou a internação do idoso, Rosinei disse que ele tropeçou sozinho.

“Meu pai usava bengala para andar. Naquele dia, ele saía da calçada para andar na rua quando se desequilibrou. Ele caiu de rosto no chão e recebeu quatro pontos no supercílio. Eu acompanhei meu pai durante toda internação. Eu estava do lado quando ele começou a morrer”, chorou.

Apesar do indiciamento, Margarete não pediu a prisão da filha por entender que ela não representa risco para a sociedade, nem para o bom andamento do processo.

O atestado de óbito aponta como causas da morte: embolia pulmonar, traumatismo craniano e queda da própria altura.

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