Por Joseane Teixeira
As gêmeas Emily e Evelin, que nasceram prematuras no dia 21 de maio, em um parto de emergência no Hospital da Criança e Maternidade, receberam alta médica nesta quarta-feira, 9, e já estão em casa.
No entanto, sem a mãe.
Ângela Cristina dos Anjos, de apenas 30 anos, entrou para as estatísticas de gestantes e puérperas vitimadas pela Covid-19.
Segundo dados do Observatório Obstétrico atualizados no dia 9 de junho, 13.488 gestantes e puérperas foram contaminadas pelo coronavírus no Brasil desde o início da pandemia.
Porém, o número de mortes registradas no primeiro semestre de 2021 já é superior a todo o ano passado.
Em 2020, de acordo com o relatório, 454 gestantes e puérperas morreram vítimas da Covid-19.
Neste ano, o número de mulheres positivadas que não resistiram ao vírus é de 878. Aumento de 93%.
Com relação aos casos de infecção, os números também se aproximam. Já são 6.699 gestantes e puérperas diagnosticadas com o coronavírus somente nos seis primeiros meses deste ano contra 6.786 em todo o ano passado.
Segundo o eletricista Antônio Cristóvão Rodrigues, companheiro de Ângela e pai das gêmeas, a mulher começou a sentir sintomas da Covid na segunda quinzena de maio.
“Ela passou por atendimento médico no dia 17, ficou três dias internada, e recebeu alta na quarta-feira. Na quinta ela voltou a passar mal. Falei pra gente ir pro hospital, mas ela não quis. Na sexta-feira de manhã ela piorou e tive que levá-la às pressas para o hospital”, disse.
A próxima notícia que Antônio recebeu da companheira é que ela tinha sido submetida a uma cesárea de emergência porque necessitava ser intubada. Ângela estava na 32ª semana de gestação.
As gêmeas Emily e Evelin foram encaminhadas para a UTI neonatal até que tivessem peso e desenvolvimento necessário para receberem alta médica.
Ângela não resistiu e morreu no último dia 29, sem conhecer as filhas.
Além das gêmeas, ela deixa outra filha de apenas 4 anos, enteada de Antônio.
Em nota, a Funfarme, mantenedora do HCM, informou que a paciente foi prontamente assistida por equipe multiprofissional. Após piora no quadro de saúde, foi a óbito no dia 29 de maio. Dados sobre o prontuário, no entanto, são sigilosos.
Natural do estado do Piauí e sem parentes em Rio Preto, o morador do bairro Fraternidade tem sido acolhido por vizinhos e encorajado por uma rede de solidariedade que já arrecadou roupas, fraldas e utensílios para as bebês.
Ele disse que parentes de Ângela chegam nesta quinta-feira, 10, a Rio Preto para ajudá-lo a cuidar das filhas.
“Consegui férias do trabalho até que as coisas se normalizem”, explicou.
Antônio está emocionado e grato com toda ajuda recebida e disse que, se alguém quiser contribuir com a família, ainda precisa de mais fraldas e leite.
“É o que as meninas vão utilizar por um bom tempo”.
O telefone dele é 9 9187-3163